sábado

As famosas pinturas de Botticelli

A Primavera
(1477)

Valorização das forças da natureza, o realismo e o resgate da mitologia romana, para a residência dos Medici, Galleria degli Uffizi, Florença.

 Vênus media toda a cena. Na tradição clássica, Vênus e o Cupido surgem para avivar os campos, fustigados pelo inverno, iniciando a primavera ao semear flores, beleza e atração entre todos os seres.
Supõe-se que Botticelli traçou analogia com a Virgem Maria. Tal suposição está embasada nas vestimentas de extremo recato de Vênus, na posição de sua mão direita, que se encontra em um gesto de benção, e, também, por ela estar circundada com um arco rendilhado de folhas com fundo claro, que sugerem a forma de auréola e prenunciam as grinaldas florais que, a partir do século seguinte, estiveram associadas à figura da Virgem.
 Sobre a cabeça de Vênus está o Cupido, seu filho, de olhos vendados, apontando a seta do amor em direção às três figuras que representam as Graças.

As Três Graças, ou Cáritides, eram filhas de Zeus e de Euríneme, uma ninfa marinha. Personificação da beleza, eram damas de companhia de Vênus e associadas à primavera. Eram elas:  Aglaia (luminosa), Eufrosina (alegre) e Tália (a que traz as flores).


Zéfiro, personificação do vento oeste, abraça a bela ninfa Cloris. Botticelli a representa em sua metamorfose, quando se transformava em Flora, a figura com vestido florido que cumpre sua função de adornar o mundo com flores.

Mais à esquerda encontra-se Hermes dissipando as nuvens, fechando esse ciclo mitológico. Para a filosofia platônica, esse ciclo é a ligação ininterrupta entre o mundo e Deus, e vice-versa.

O Nascimento da Vênus
(1483)

   Simboliza igualmente o surgir dos ideiais platônicos de beleza e de verdade. Colocada no centro da composição, a Deusa ergue-se sobre uma concha que se aproxima da costa, empurrada pelo doce movimento das ondas e acompanhada por dois personagens, tradicionalmente associados aos deuses do vento que tentam imprimir a Vênus a sua essência divina. Do lado oposto encontra-se a figura de Flora que procura cobrir a deusa com um longo manto florido.

A nudez de Vênus encontra-se alheia a qualquer ideia de erotismo, como comprova o longo cabelo que lhe cobre o sexo ou a mão que esconde os seios.Botticelli recusou a imitação directa e naturalista do mundo real, criando, dentro da tradição tardo-medieval, um espaço e um conjunto de figuras idealizados. 
Utilizou essencialmente a têmpera, aplicada sobre madeira.
O quadro, de reduzidas dimensões, encontra-se exposto na Galeria dos Uffizi em Florença.